20 maio 2009

“Antropofágicamente” Poético

Sinceramente? Eu não queria ir. Primeiro, porque iria estar cansado depois de um dia de trabalho estressante, se para ir à faculdade eu já tinha que rever minhas motivações todos os dias, ir à palestra de alguém de quem eu nem conhecia a obra não me chamava muita atenção. Segundo, que o tema (EDUCAÇÂO) não iria me prender sentado em uma cadeira durante 1hr, porém, pensei: farei o que em casa agora? E então fui. 

Bem gostaria de falar que aquele senhor de aparência simples, vestimenta humilde bem característica de um velhinho me surpreendeu e superou minhas expectativas, conseguiu prender minha atenção durante aproximadamente 1hr e 40 min de forma que eu nem percebi o tempo passar.

Sutilmente aquele homem de idade avançada mais conhecido como Rubem Alves (o famoso escritor) expôs suas idéias de forma simples clara, objetiva e metaforicamente impecáveis. Começou falando sobre felicidade que julgava ele ser uma condição de alegria constante impossível de ser alcançada. “A alma do ser humano é como o dia, pode ser ela luminosa e calorosa ou extremamente escura e fria”, ou seja, compreendeu em seus estudos e vários anos vividos que nos encontramos nessa dualidade, hora felizes, ora tristes e é essa a dinâmica que nos motiva e nos impulsiona a viver, o segredo talvez não esteja em ficar em um estado constante de alegria e sim viver com intensidade todos os momentos. Pensei comigo: já começou muito bem.

Logo após dar seu parecer sobre a busca muitas das vezes insensata do ser humano pela felicidade, Rubem trousse um conceito bem carregado e que aparentemente não fazia sentido estar sendo colocado no momento, que foi o da antropofagia. A antropofagia é o termo designado a aqueles que comem partes ou a totalidade do corpo humano, ou seja, canibalismo. Ele considerou que se analisarmos as situações poderemos encontrar a antropofagia em quaisquer uma e citou o exemplo do ritual cristão de comer a hóstia – que representa o corpo de cristo – e beber o vinho – que representa o sangue de cristo, ele compreendeu que este ato era um ritual antropofágico aos moldes dos índios que viviam aqui antes da chegada dos europeus. 

Mostrou-nos a importância do educador e da forma como motivar o aluno a aprender. Expôs que o que aprendemos na escola é vago e desnecessário fazendo críticas calorosas e incisivas ao formato pedagógico e a maneira como os professores aceitam e digerem o que chamou de “burocracia do ensinar”. Para ele a educação não é somente ensinar teorias e teoremas que não vão fazer nenhum sentido em alguns anos e sim, gerar o interesse do aluno fazendo-o perceber que o conteúdo é algo fantástico e mágico, por exemplo, a literatura: nas palavras dele. “Nós não aprendemos a ler utilizando regras e apenas juntando palavras, a arte da leitura compreende extrair a carne e o sangue deixados pelo autor nas linhas e letras escritas”. 

E assim de forma poética Rubem Alves se mostrou uma pessoa de imenso conhecimento, com uma sensibilidade impar. No final ainda explanou sobre a diferença entre o prazer, que é efêmero e dependente de um objeto que o provoca, e a alegria que não precisa de nenhum objeto não é efêmera e sim eterna e divina. Sem muitos rodeios finalizou: “Então a educação é a arte de se ter alegria”. 

Uma salva de palmas! 

3 comentários:

Andressa da Costa Araujo disse...

É bom quando alguém nos faz prender a atenção!
Depois me conte mais sobre a palestra primo.É isso ae!
;)

Frederico Oliva disse...

tem que colocar os amigos na boa!

Peruzzo disse...

aooo meu camarada decidi ir de ultima hr!

=)